Capitalismo Vil
Johnson Wesley Hrenechen | 18 de dezembro, 2015
Deve estar surpreso e ao mesmo tempo estranhando tal título, mas irei lhe explicar caro, e verás que este artigo está no lugar certo e apenas não entenderá o porquê demorou tanto a ser postado algo deste gênero, então vamos lá, mas vamos por partes.
Capitalismo
A palavra Capital vem do latim Capitale e a Capitale vem do proto-indo-europeu (ancestral hipotético das línguas indo-europeias) Kaput, que significa “cabeça”, em referências a cabeças de gado. Por volta de 1867 Proudhon usa o termo capitalista como “possuidores de capital”, mas seu sentido atual foi empregado por socialistas (Luis Blanc, Karl Marx, Friedrich Engels). Na obra “O Manifesto comunista”, o termo capitalista passou a se significar a um “proprietário privado de capital”, já o sistema capitalista e modo de produção capitalista são abordados no livro “O capital”.
Tratar um pouco sobre a nomenclatura talvez não seja ainda suficiente para o leitor compreender o quão vil é tal palavra e porque a necessidade de não utilizá-la se desejamos que a liberdade floresça por países com tendência socialistas, afinal, o termo capitalismo nasceu de sua forma atual com socialistas e anarquistas, enquanto Adam Smith e John Lock pregavam a utilização do nome liberalismo.
Leia também
- As privatizações não são bem como você está pensando
- Estado de Bem-Estar Social não é sinônimo de justiça social
- A corrupção cria desigualdade e premia a ineficiência
Mas afinal, porque é vil?
O sistema Capitalista não se refere unicamente ao livre mercado (liberalismo). Nas salas de aulas já aprendemos que ele tem inúmeras ideologias e teorias socioeconômicas dentro dele, sejam estas relacionadas ao liberalismo ou a estatismo. Mas vamos abordar apenas três, que são:
1. Corporativismo
Ele nos acompanha desde o século XII e funcionava através de um controle total sobre a maneira/quantidade/qualidade da produção; renegavam produtos estrangeiro e chegavam a controlar o sistema político de uma cidade excluindo os não membros da corporação de certos cargos políticos para com isso ganharem privilégios ou regalias. Na Itália fascista o desenvolvimento teórico foi levado ao auge. O maior erro é dizer que este sistema está morto, pois não está, vive escondido dentro da denominação capitalista para que nós o defendamos sem o ver claramente, mas basta analisar grandes empresas que se utilizam do governo para ganhar benefícios, ou apenas para dificultar o crescimento das concorrentes. Atualmente tivemos um claro exemplo da construtora Odebrecht.
2. Mercantilismo/Protecionismo
Este surge mais tarde entre os séculos XV e XVIII e vem com a crença que a riqueza é baseada na quantidade de ouro e prata que um pais dispõem. Logo, o pais não deve perder tais metais preciosos, mas ao mesmo tempo deve aumentar a quantidade dos mesmos, sendo assim, de duas maneiras:
- Extrair tais recursos e guarda-los em seus cofres permitindo pequenas quantias para o comércio. Vale lembrar que o colonialismo teve seu auge nos séculos XV e XVI.
- Aumentar impostos e barreiras alfandegarias a produtos estrangeiros e sempre exportar mais do que importar. Para ter o que exportar eles não poderiam recorrer apenas a suas produções agrícolas, mas a produtos exóticos e raros ao mundo ocidental. Sendo assim fica fácil entender a necessidade de colonizar regiões longes que por mais que não apresentassem minas de ouros e prata, seus recursos ainda poderiam ser extraídos e vendidos. Também fica fácil compreender a existência das companhias de comércio que as nações europeias tinham e seu desejo por deter o monopólio de produtos exóticos.
Este também anda muito vivo e vê-lo nas nações a fora não é uma tarefa difícil.
3. Liberalismo
Este surgiu no século XVII com o pensamento liberal e ganhou força com o liberalismo econômico no século XVIII e, diferentemente dos anteriormente citados, afinal, ele nasceu como negação a eles, poder ser sintetizado facilmente na palavra “liberdade”, seja ela de empreender e criar concorrência, seja para escolher serviços públicos ou privados, se vestir a maneira que quiser e dizer o que deseja da maneira que lhe convier, mas sempre atentando para não adentrar nos limites da liberdade de outros indivíduos, abrindo assim um novo leque de possibilidades onde pessoas e mercadorias podem ir e vir para os mais remotos e diferentes locais e culturas.
Análise final
Após analisarmos estes fatores fica claro que não devemos e nem podemos nos prender ou defender o capitalismo, uma palavra criada para se referir ao gado, com significado colocado por socialistas, e dentro de tal sistema onde sem repararmos defendemos aquilo que o liberalismo clássico tanto lutou contra: os sistemas citados a cima.
No livro A Riqueza Das Nações, pelo menos uma em quatro páginas era dedicada à crítica ao mercantilismo. Para alguns pode parecer uma afirmação do obvio este artigo, mas lhe digo que não, e a prova real está num simples olhar ao mundo em que vivemos. Pessoas se afastam do liberalismo porque acham o capitalismo mal e não estão erradas, mas elas não se aprofundam o suficiente para nos ver lá. Jovens entusiasmados com leituras liberais se dizem capitalistas e defendem sem saber o que é corporativismo. Se é de nosso desejo fazer a liberdade florescer devemos nos desapegar da velha nomenclatura e sair ao sol.
Criticarmos o capitalismo, pois este visivelmente não representa o liberalismo.
[hr height=”30″ style=”default” line=”default” themecolor=”1″]
Johnson Wesley Hrenechen é coordenador local do Students For Liberty Brasil em Mato Grosso.
Este artigo não necessariamente representa a opinião do SFLB. O SFLB tem o compromisso de ampliar as discussões sobre a liberdade, representando uma miríade de opiniões. Se você é um estudante interessado em apresentar sua perspectiva neste blog, basta submeter o seu artigo neste formulário: http://studentsforliberty.org/blog/Enviar