Como fazer seu amigo entender a importância da Reforma da Previdência
Ivanildo Santos Terceiro | 11 de abril, 2018
Eu te entendo.
O noticiário político-econômico dos últimos meses está desolador. Os piores cenários já preveem um 2020 com recessão. Mal saímos da crise e embarcamos com tudo em outra.
E tudo por causa de uma questão: o brasileiro ainda acredita que a nossa Previdência é sustentável
Bem, infelizmente, ela não é. E isso é um problemão para mim, você e qualquer outra pessoa que estiver no país. Não preciso falar os números, você já deve saber todos eles de cabeça. Se o nosso sistema previdenciário continuar o mesmo, o Brasil não terá outro destino além da pobreza.
O trabalho de formiguinha precisa ser feito. Precisamos convencer nossos amigos, familiares e todo o nosso círculo mais próximo da bomba nuclear armada nas entranhas das contas públicas. Mas como fazer isso?
É isso que você vai aprender nesse artigo. Não vamos te dar argumentos, você provavelmente já os conhece, e nós temos um guia inteiro com linguagem clara e acessível sobre esse assunto. Não. O que vamos fazer aqui é te ensinar em 4 etapas a entender por que alguém ainda é contra a Reforma – e o que você pode fazer para mudar isso.
1. Vale a pena?
Esta é uma pergunta que sempre deve de ser feita.
Existem pessoas que estão dispostas a escutar, debater e serem convencidas. Existem pessoas que simplesmente não estão – e o tempo que você gastou com as últimas, poderia ter sido investido nas primeiras.
Antes de entrar no assunto, se pergunte: realmente vale a pena? Aquela pessoa está disposta a mudar de opinião? Ela me ouvirá? Se sim, vamos para o próximo passo.
2. Não brigue
Você pode estar plenamente convencido da necessidade de mudanças na previdência. E é comum que esta certeza dê lugar a arrogância e uma atitude ríspida. É um erro comum e fatal.
Uma atitude agressiva fará seu interlocutor entrar na defensiva, um estado terrível se você pretende convencê-lo de algo. Ao brigar seus argumentos soarão como ataques, opiniões menores se tornarão os muros do forte mental que seu interlocutor ergueu, e, no final, você o terá convencido do contrário que pretendia.
Pode parecer estranho, mas persuasão e convencimento exigem que você fale menos do que escuta. O que nos leva ao ponto 3…
3. Escute
Se você pretende convencer alguém, você deve escutá-la e entender suas preocupações.
mostrouo quão falho eram os argumentadores de ambos os lados do espectro político. Os pesquisadores viram que, na verdade, em uma discussão ambos os lados falavam apenas para si – e esqueciam de tocar nos pontos que importavam para o seu interlocutor.
Enquanto esquerdistas eram persuadidos e repetiam frases como “Nenuhum país desenvolvido no mundo tem o mesmo índice de violência dos Estados Unidos”, conservadores eram persuadidos e repetiam frases como “Apenas uma boa pessoa armada pode parar uma pessoa má armada”.
Não importa o que você pensa sobre cada uma das proposições. O fato é que um esquerdista não é convencido pelo argumento conservador, nem o conservador é convencido pelo argumento esquerdista.
Isso ocorre porque pessoas têm preocupações diferentes quando discutem um assunto – e pensam em soluções que atendam essas preocupações.
Se você pretende convencer alguém, precisa escutar o que ela pensa, identificar suas preocupações e respondê-las. Falar um argumento que lhe convenceu não vai adiantar muito, é provável que ele toque em um ponto irrelevante para o seu interlocutor.
Mas há algo de relevante que você sempre pode falar…
4. Lembre: não há solução fora da Reforma da Previdência
Alguma coisa tem que mudar.
Este é um fato. E não há como argumentar contra ele. Se apenas deixarmos tudo como está, TODAS as previsões, de ambos os lados do espectro político, enxergam o crescimento vertiginoso do gasto com previdência no orçamento público brasileiro.
Em outras palavras, não fazer uma reforma, significa que, eventualmente, todo o dinheiro arrecadado com impostos no Brasil não bancará nada além de despesas previdênciarias.
É vital lembrar ao seu interlocutor que um cenário sem reforma da previdência não significa a manuntenção das coisas como estão. É o exato oposto!
Quanto mais adiamos este debate, mais duro teremos que ser no ajuste.
Em 1998, a proposta de Fernando Henrique Cardoso previa uma idade mínima de 55 anos para mulheres e 60 para homens. Hoje, já falamos de 62 para mulheres e 65 para homens.
Os gregos se manifestaram contra qualquer mudança no seu sistema de aposentadorias durante anos. Um dia, a conta chegou e ela foi bruta. Quando o dinheiro acabou, os aposentados gregos viram, do dia para a noite, suas aposentadorias sofrerem cortes de 30% para o sistema continuar funcionando.
O cenário sem reforma não termina com um pote de ouro do outro lado – e isso nunca pode ser esquecido.