O Peso da Liberdade
Nathalia Motta | 19 de maio de 2017
Um dos grandes desafios que os liberais enfrentam hodiernamente é a preocupação de alguns com a intimidade alheia. Inclusive dentre aqueles que se dizem defensores do liberalismo.
Provavelmente muitos de vocês já devem ter ouvido alguém falar que deveríamos estar mais preocupados com a economia do que com a legalização da maconha, ou o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.
Para Mises, o livre mercado é a melhor forma de assegurarmos as demais liberdades civis, e concordo com ele. Entretanto, se nós entregarmos nossas liberdades de contrato ou liberdades individuais, provavelmente elas se tornarão produtos de escambo também.
Liberalismo é entender que as pessoas gostam de coisas diferentes, tem opiniões diferentes e querem viver de maneiras diferentes. E, qual o problema com isso, desde que não machuque ninguém?. Você não pode ser um defensor da liberdade se acha que só o que você gosta deve desfrutar da dádiva da liberdade.
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Você pode não gostar de funk, mas não pode advogar sua proibição e continuar dizendo que acredita na liberdade de expressão. Você pode até não usar drogas, mas não pode dizer ser defensor do livre mercado se é contra a sua comercialização.
A liberdade para que cada um exerça sua moral dentro de uma ética social, exige que estejamos suficientemente maduros para aceitar a decisão de terceiros. Não impor nossa visão de correto para os outros é o primeiro passo para entender a liberdade. Algumas pessoas podem usar a liberdade para se voluntariarem a situações que consideramos degradantes, e qual o problema com isso? Quem somos nós para forçá-los a se encaixarem naquilo que acreditamos ser bom?
Assumir responsabilidades é primordial para que possamos fazer escolhas, mas precisamos aprender a lidar com suas conseqüências. A liberdade só será prazerosa como idealizamos, quando todos entenderem que as pessoas podem optar, e, nem sempre elas optarão por aquilo que mais agrada a você.
Um mundo livre exige pessoas tolerantes, que saibam ouvir ‘’não’’, pessoas com senso de responsabilidade, que rejeitem a ideia politicamente correta que hoje nos é imposta, pessoas maduras, que assumam a responsabilidade de suas escolhas. Mais do que exigir e lutar por um mundo livre, devemos estar particularmente e, moralmente preparados para lidarmos com a liberdade.
A liberdade (dos outros) pode nos incomodar, e é essa mais do que todas que devemos defender.
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Nathalia Motta é coordenadora local do Students For Liberty Brasil.
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