O mercado é para todos

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O mercado é para todos

Victor Pegoraro | 30 de maio, 2017

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Quando se fala em “mercado” a imagem que, de imediato, vem a mente das pessoas é a de um pequeno grupo de homens com seus charutos fedorentos e ternos caros sentados à mesa planejando seus próximos passos para aumentar seu lucro e prejudicar a sociedade. Essa imagem, é importante dizer, é constantemente reforçada pela mídia, que noticia, ao menos uma vez por mês, que o “Governo se reuniu com o mercado para tentar acalmá-lo”, ou para tentar qualquer outra coisa do gênero. Quando notícias como essas são replicadas, de fato, o que houve foi uma reunião do Governo com alguns empresários bem conectados com políticos para definir os rumos daquela nova tarifa de importação, ou aquela nova regulamentação ou, até mesmo, aquele novo subsídio para algum setor em específico.

Obviamente, quando isso ocorre, não é uma reunião do Governo com “o mercado”, até porque isso seria impossível, haja vista que o mercado não é uma entidade dotada de personalidade e vida própria que anda por aí fazendo acordos escusos com Governantes. Esse tipo de notícia reflete outra coisa, e isso tem nome: o corporativismo.

O mercado é um processo dinâmico onde todas as pessoas, incluindo eu e você, buscam aumentar sua própria satisfação e bem estar, ao mesmo tempo em que aumentam a satisfação e o bem estar de muitas outras pessoas. O corporativismo representa o exato oposto de tudo que foi dito acima. Dentro dessa lógica, grandes empreiteiras, bancos e outros setores sensíveis aos olhos do Governo buscam de forma constante o uso do aparato estatal para eliminar a concorrência e se beneficiar desse processo. Esse sistema representa uma negação a ideia de pessoas livres trocando bens e serviços da forma que melhor atenda seus desejos e necessidades.

Mas voltemos a falar sobre o mercado. Recentemente um homem chamado Andy George, do canal “How to Make Everything” (Como fazer Tudo) decidiu produzir seu próprio hambúrguer. O resultado, é claro, não foi minimamente inteligente quando imaginamos a alimentação de bilhões de pessoas ao redor do mundo. Mas com certeza foi uma experiência interessante que pode nos ajudar a ilustrar um pouco mais sobre o que é o mercado.

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Em resumo, George precisou de 6 meses e US$ 1,5 mil para preparar um único hambúrguer que, segundo ele mesmo, nem ficou tão bom assim. Vale ressaltar que George se limitou a receita necessária para a produção do lanche, e não precisou produzir os acessórios utilizados no serviço, como as facas, as panelas, o liquidificador e etc. Nesse mesmo sentido, George já tinha acesso a todo conhecimento acumulado de outras pessoas que produziram o hambúrguer antes dele, não sendo necessário, dessa forma, testar e encontrar uma receita que lhe permitisse produzir o lanche. Enfim, é impossível detalhar todo o conhecimento utilizado no processo e todas as pessoas que trabalharam para que ele pudesse produzir seu hambúrguer “sozinho”.

Por outro lado, nós podemos comprar um hambúrguer mais gostoso em qualquer padaria na esquina de casa por apenas 10 R$ e que fica pronto em menos de 10 minutos. Aliás, hoje podemos pedir um lanche sem sair de casa, com apenas um clique em nossos celulares. Saiba que isso não acontece por acaso.

Milhares de pessoas que não se conhecem cooperam (e competem) de forma descentralizada para que você possa comprar um pequeno e simples hambúrguer na esquina da sua casa ou através de seu celular.

O fato mais interessante de tudo isso é que nenhum dos envolvidos nesse processo tem como objetivo final proporcionar um hambúrguer, ou um dogão, ou qualquer outra coisa para que você possa comer. Pelo contrário, sua alimentação é o resultado secundário do trabalho de uma série de pessoas que não se conhecem e que tem em mente os seus próprios objetivos pessoais e profissionais. Dessa forma, cada pessoa envolvida na produção do seu hambúrguer consegue melhorar sua própria situação e você, como resultado disso, consegue matar sua fome – ou seu mero desejo, que seja, comendo seu lanche e melhorando, também, o seu bem estar.

O corporativismo, por outro lado, foi comumente chamado por seus críticos de capitalismo ao longo da história, e tendo em mente que os defensores do livre mercado geralmente costumam referir-se a ele também como capitalismo, a confusão, que na maior parte dos casos é meramente linguística, está feita. Os entusiastas do livre mercado são taxados de defensores do corporativismo. Por isso precisamos deixar claro para o mundo ao que nos referimos quando falamos sobre o mercado e não nos perder na confusão do significado dos termos.

O mercado é formado por pessoas e é para todos, e no fim das contas é isso que nós defendemos e é nisso que nós acreditamos: nas pessoas e em sua incrível capacidade de fazer do mundo um lugar cada vez melhor.

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Victor Pegoraro é almnus do Students For Liberty Brasil

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