O efeito cobra e a ação estatal

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O efeito cobra e a ação estatal

Lucas Nutels | 18 de setembro, 2013

 

O economista  Horst Siebert, em seu livro “Der Kobra-Effekt”, demonstrou o que seria o  “efeito cobra”. O termo surgiu da época em que Reino Unido colonizava a Índia, quando o número de cobras venenosas estava crescendo exorbitantemente e se tornando uma praga regional.

Tal como afirmou H. L. Mencken, “para todo problema complexo, existe uma resposta clara, simples e elegantemente errada”. Meio que por uma coincidência fatal, o governo britânico então decidiu recompensar cada cobra morta entregue às autoridades.

O resultado, sem dúvidas, foi o extermínio de muitas cobras venenosas, mas o imprevisível para os planejadores era que a população começasse a criar cobras em cativeiro somente para vender. Por fim, a aparente solução gerou um problema ainda maior, pois quando percebeu-se a consequência desintencional, o número de cobras já tinha aumentado ainda mais. Um caso semelhante aconteceu no Vietnã, em Hanói. No lugar de cobras… ratos! Quem sabe nesse caso o flautista de Hamelin tivesse sido mais criativo.

A lição da história, muito verídica por sinal, é que as boas intenções nem sempre coincidem com os bons resultados. A solução para os ratos e as cobras não teriam sido recompensas, mas um ambiente que permitisse a troca de ideias entre os indivíduos e o comércio dos melhores produtos.

Voltando a ótica para o caso do empreendedorismo brasileiro, é possível observar um movimento semelhante, onde a autoridade planejadora incentiva práticas empreendedoras. É comum ver fóruns de apoio ao empresário, programas de startups e até Ministério da Micro e Pequena Empresa, todos com o intuito primordial de estimular a atividade empreendedora (estimular a morte de ratos e cobras).

Para o libertário, o empreendedor, seja o grande empresário ou o funcionário inovador de uma pequena empresa, é um verdadeiro herói. Ele é o Atlas contemporâneo, quem carrega o mundo nos próprios ombros. Mas embora todos esses estímulos provenientes do governo em criar novos empreendedores pareçam corretos, eles são nulos no combate a origem do problema.

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O também economista, Eduardo Gianetti, certa vez polemizou com a seguinte frase: “Se Bill Gates tivesse nascido no Rio e começado seu negócio numa garagem provavelmente estaria vendendo CDs piratas na Avenida Rio Branco”. Eu complemento, se o Steve Ballmer tivesse nascido no Brasil provavelmente estaria em um cargo público, onde nunca usaria sua genialidade. Michael Dell com 19 anos teria desistido de abrir uma empresa por causa da burocracia e da carga tributária, pegaria seus R$ 2.000 (a Dell foi fundada com US$ 1.000) e iria gastar todinho só no carnaval.

Portanto, há uma falha em estimular o empreendedorismo através do governo: quanto mais intervenção menos empreendedorismo há, pois todos os casos citados acima são exemplos de como a atitude interventora pode asfixiar a liberdade empresarial e prejudicar a todos.

Enquanto se está promovendo e incentivando a livre-iniciativa de um lado, do outro o anti-empreendedorismo avança ferozmente. Por mais que o vilão da vez tenha funcionários do bem, continuar negligenciando esse inchaço do aparato estatal camufla o verdadeiro estímulo. A única forma de obter o controle de pragas é pela fonte, já que matar ratos e cobras enquanto se permite a criação de mais ratos e cobras é inócuo ao problema. Controlar sua capacidade de proliferação é a verdadeira saída.

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