Por que uma universidade despreza as vítimas do comunismo, mas ama seus algozes?
Ivanildo Santos Terceiro | 6 de novembro, 2017
Impedir a livre circulação de ideias, isto é, censurar, é a arma preferida de autoritários para ficarem no poder. Ao evitarem o debate conseguem manter o status quo presente sem que os males do seu regime possam ser apontados e discutidos. Se na sociedade a censura já é inaceitável, no ambiente acadêmico ela é ainda pior.
Universidades são lugares especialmente construídos a fim de se discutir, debater, e discordar – a ideia de que se deve existir um pensamento único no ambiente acadêmico não passa de uma aventura autoritária.
Infelizmente, ainda em 2017, é possível encontrar autoritários no comando das universidades brasileiras. O evento Semana Vítimas do Comunismo: 100 Anos da Pior Tragédia do Século XX está sendo organizado há meses em Florianópolis e já contava com mais de 300 inscritos! Hoje, teria sua abertura com palestras e exposição de fotos no auditório do Centro Sócio Econômico da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
No entanto, desde o último final de semana atitudes pouco usuais vinham sendo tomadas. A divulgação online do evento, feita no portal e boletim da UFSC, foi sumariamente apagada. Agora, sem fornecer nenhuma explicação, a direção do Centro decidiu cancelar em cima da hora o direito de uso do auditório! Uma clara tentativa de inviabilizar a realização do evento, dado uma decisão pautada nas normas da universidade deveria ter sido feita com muita antecedência.
É lamentável que diretores universitários continuem a se comportar como pequenos-ditadores censurando a existência de opiniões divergentes às suas no ambiente acadêmico. Universidades devem ser a vanguarda do embate de ideias e da liberdade da expressão, e não um reduto de demonstrações autoritárias.
O mais estranho é que a UFSC apesar de censurar uma homenagem às vítimas do comunismo, já serviu de palco para seus algozes. Há apenas dois anos, o embaixador da Coreia do Norte Kim Chol Hak participou de um evento na universidade. Na ocasião, a professora Rosanita Campos, tradutora das memórias de King II Sung, chegou ao cúmulo de defender os atos do regime norte-coreano.
O governo da Coreia do Norte sistematicamente viola os direitos humanos. Até hoje há centenas de milhares de pessoas – incluindo crianças – presas em campos de concentração por crimes diversos desde assistir filmes, desrespeitar a foto do “presidente eterno” King II Sung, ou ser parente da pessoa errada.
Felizmente, a UFSC aceitou recebê-los. Não existem ideias erradas em uma universidade. Se há um lugar que deve ser amplo e aberto ao debate é a academia. Ao contrário da Coreia Norte, até absurdos, e não apenas eles, podem ser pronunciados em uma sociedade livre.
Ainda assim, melancólico é uma instituição de ensino prestar solidariedade à Coreia do Norte e não às suas vítimas.
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Ivanildo Santos Terceiro é coordenador de comunicação Students For Liberty Brasil (SFLB).
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