“Ideias, somente ideias, podem iluminar a escuridão” – As Seis Lições, Ludwig von Mises

Quem foi Ludwig von Mises?

Ludwig Heinrich Edler von Mises nasceu em 1881, no antigo Império Austro-Húngaro, em um atual território ucraniano. De ascendência judia, a família de Ludwig possuía ótimas condições financeiras. Seu pai era engenheiro e desde sempre incentivou a educação dos filhos. Mises inicia sua carreira científica em Viena, onde vivera com sua família e estudou Economia na Universidade de Viena.

Na Universidade, Ludwig fora diretamente influenciado por Carl Menger e Eugen von Bohm-Bawerk, primeira geração de economistas da denominada Escola Austríaca. Em seus estudos posteriores, Mises pôde deduzir os motivos pelos quais economias de livre mercado se sobrepõem aos Estados planificados, além de ser um ávido defensor do fim da regulamentação estatal na economia.

Mises e a Mont Pèlerin Society

Mais maduro intelectual e academicamente, Mises, em conjunto com outros pensadores do Século XX como F. A. Hayek, Karl Popper e Milton Friedman, fundou a Mont Pèlerin Society, uma organização que reúne filósofos, políticos e economistas globais pela defesa dos pilares básicos do Liberalismo, como o livre mercado, a liberdade de expressão, uma sociedade aberta, entre outros. 

Atualmente, a Sociedade conta com mais de seiscentos membros efetivos, incluindo economistas como o teórico das externalidades Ronald Coase, empreendedores como o brasileiro recém-falecido Henry Maksoud e líderes globais, como o atual presidente do SFL, Wolf von Laer.

Por que Mises importa?

O autor fez parte da Escola Austríaca de Economia, sendo sucessor direto dos fundadores Carl Menger e Eugen von Bohm-Bawerk.

Menger, que desenvolveu a teoria da utilidade marginal, dando valor subjetivo às coisas e afastando a noção marxiana de valor-trabalho. Por sua vez, Eugen von Bohm-Bawerk desenvolveu uma crítica ao conceito de mais-valia, apontando que Marx incorre a erros metodológicos ao negligenciar os efeitos mercadológicos da oferta e demanda na determinação de preços.

Diante desse ambiente, Mises desenvolve o “Cálculo Econômico sob o Socialismo”. Nessa tese, demonstra-se que as teorias de planificação e controle econômico concentrado em um planejador central (leia-se Estado) é inapta em um mundo real. Essa pressuposição pode ser sintetizada por um fator-chave da Economia Real: preço. 

De acordo com o austríaco, é impossível que os preços de bens de capital sejam fixados. Com um planejamento econômico central, não pode demonstrar a existência de uma economia de mercado. Sem esta, não há formação de preços. Sem a formação de preços, não há cálculo econômico.

Sociedade de Mont Pèlerin, na foto, Hayek, Mises e outros membros da sociedade em uma reunião em 1947.
Reunião da Mont Pèlerin Society

A Ação Humana: magnum opus de Ludwig von Mises

Neste tratado, Mises disserta sobre todas suas ideias econômicas, definindo-as e ampliando sua discussão. Conforme o título, o autor deseja realizar um estudo da ação de cada indivíduo e seus efeitos socioeconômicos.

Logo de início, é introduzido o conceito de Praxeologia, introduzido pelo sociólogo francês Alfred Espinas e que, nas palavras de Mises, trata-se do estudo da “Ação humana e cooperação social vistas como objeto de uma ciência que estuda relações existentes e não mais como uma disciplina normativa de coisas que deveriam ser”.

É possível perceber a análise ontológica (pautada na maneira como as coisas são) em decorrência de deontológica (averiguando, por meio de juízos valorativos, como as coisas deveriam ser).

Influenciado por seus mentores de Escola Austríaca, Mises também faz nesta obra, elogios à teoria subjetiva do valor, demonstrando que as escolhas e os desejos individuais são parâmetros mercadológicos. Ainda em aspecto econômico, Mises disserta sobre a cataláxia, também denominada ciência das trocas, na qual se trata em uma teoria da economia de mercado baseada nas relações de trocas e nos preços.

A obra Ação Humana demonstra as nuances da praxeologia e destrincha a cataláxia desde o momento de escolha individual até a formação dos preços, explicando como o mercado é ao invés de como ele deveria ser.

Se você puder ler somente uma coisa de Mises

Um bom livro introdutório do pensamento de Mises é “As Seis Lições”. Nesta obra, compilou-se seis palestras realizadas em 1959 pelo austríaco na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Buenos Aires (UBA).

De leitura rápida, didática e concisa, Mises leciona sobre o Capitalismo, o Socialismo, o intervencionismo, a inflação, os investimentos estrangeiros e sobre política e ideias.

A obra pode ser baixada em PDF aqui.

Um briefing dos principais trabalhos de Ludwig von Mises

O Cálculo Econômico Sob o Socialismo

Nesta obra, publicada em 1920 sob o formato de artigo, Mises demonstra a inaplicabilidade do Socialismo em virtude de a planificação econômica solapar a propriedade privada e o sistema de preços, alguns dos motores da economia.  

Liberalismo – Segundo a Tradição Clássica

Mises, neste trabalho, demonstra o funcionamento de uma sociedade liberal. Em breves enumerações, o autor cita os fundamentos políticos necessários ao Liberalismo, assim como a organização econômica de uma sociedade liberal, a política externa indicada para ser adotada e, por fim, no apêndice, enumera e indica autores liberais.

Uma Crítica ao Intervencionismo


Em uma compilação de ensaios, Uma Crítica ao Intervencionismo é voltada à sociedade alemã da década de 1920. Sob a vigência da Constituição de Weimar, a Alemanha vivia uma profunda interferência estatal na esfera socioeconômica. Nesta obra de 1929, Mises demonstra empiricamente o porquê de não haver a possibilidade de uma terceira-via entre intervenção estatal e respeito à propriedade privada, bastante pregada à época.

Intervencionismo: uma Análise Econômica


Na primeira edição (1940) do presente trabalho, Mises analisa economicamente as teses de intervenção estatal ocorridas sobretudo na década de 1930. O austríaco, desprovido de juízos valorativos, deseja, única e exclusivamente, demonstrar os efeitos inevitáveis causados pelo intervencionismo. Além disso, o austríaco analisa as economias de guerra do Nazismo e do Fascismo.

Ação Humana: um tratado de Economia


A obra, reconhecida como Magnum opus de Mises, é feito uma introdução aos conceitos e praxeologia e cataláxia, assim como é dissertado, de maneira pormenorizada, as formas de funcionamento de uma economia voltada ao indivíduo.

A Mentalidade Anticapitalista


Nesta obra, Mises analisa os porquês e as consequências de muitos norte-americanos serem contrários ao sistema capitalista, ainda que este tenha elevado substancialmente a qualidade de vida nos Estados Unidos da América.

Teoria e História: uma Interpretação da Evolução Social e Econômica


Obra crítica ao pensamento materialista histórico-dialético de Karl Marx. Neste trabalho, Mises rejeita a visão materialista afirmando que os meios de produção são criados a partir de ideias individuais que geram ações humanas com escopos não-materialistas. Ademais, demonstra-se a evolução da teoria econômica e histórica sob a ótica das ações individuais pretéritas.

As Seis Lições


Elaborada a partir da transcrição de seis palestras de Mises na Universidade de Buenos Aires, é de fácil leitura, principalmente pela oralidade. Nela, são abordados temas elementares, como Capitalismo, Socialismo, Intervencionismo, Inflação, Investimento Estrangeiro e Política.


Gabriel Bittar Coordenador Local Students for Liberty Brasil, discente em Direito pela Universidade Federal de Goiás e em Gestão Financeira pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás.

Este artigo não necessariamente representa a opinião do Students For Liberty Brasil (SFLB). O SFLB tem o compromisso de ampliar as discussões sobre a liberdade, representando uma miríade de opiniões. Se você é um estudante interessado em apresentar sua perspectiva neste blog, envie um email para [email protected] ou [email protected].

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