Como regulamentações estatais podem matar

Guilherme Benezra | 14 de julho, 2017

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Marcelo é um jovem que mora numa favela de São Paulo. Tem 25 anos e há anos trabalha como mecânico em uma oficina da família. Começou cedo no ramo, aprendera tudo com seu pai, Inácio. Infelizmente, o velho homem adoeceu e necessitava de um medicamento muito caro, os médicos estimavam que o tratamento completo iria custar R$ 10.000. Existia somente um laboratório no Brasil que fabricava esta medicação, mas a renda de Marcelo não permitia que ele gastasse tanto dinheiro.

Resolveu pedir ajuda do SUS, afinal, durante toda sua vida pagara para obter seu atendimento quando necessário. A senhora que o atendeu falou que seu pedido iria ser analisado somente daqui a seis meses, afinal a fila de pedidos era longa.

– Não posso aguardar tanto, respondeu Marcelo. Meu pai tem que iniciar a medicação em um mês.

Não funcionou. A senhora que o atendera o olhou com desprezo, como se fosse somente mais um número. Respondeu amargamente:

– Não posso fazer nada.

Indignado, Marcelo voltou para casa. Resolveu entrar em uma Lan House para procurar algum remédio alternativo ou qualquer coisa que pudesse salvar a vida de seu pai. Após muita pesquisa, descobriu que em um país vizinho existia um medicamento que custava 1/10 do valor e que era muito similar ao já existente no Brasil. Sem pensar duas vezes, Marcelo pegou o primeiro ônibus para o país vizinho para tentar conseguir essa nova medicação. Ele estava ciente dos riscos, a substância nessa medicação era proibida pela ANVISA e ele poderia ter a mesma confiscada por um agente na fronteira. Ainda assim, essa era sua única chance para salvar seu pai.

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O jovem conseguiu uma passagem de ônibus para o país vizinho. Estava otimista, finalmente poderia salvar o seu pai. Foi em um farmácia é se surpreendeu como tudo foi simples. Se sentiu um rei, com o dinheiro em mãos tudo foi simples. Foi bem atendido e teve sua medicação fornecida na hora. Não conseguia entender porque ele era forçado a pagar por um sistema de saúde que não lhe ajudava quando mais necessitava. Após, pegou o ônibus de volta para o Brasil. Durante um curto trajeto até a fronteira, conheceu Alberto, um senhor de 70 anos que trazia consigo 10 caixas de um medicamento que já existia no Brasil, porém de outra marca.

Chegando na fronteira, todos os passageiros tiveram que abrir suas bagagens para os fiscais. O primeiro a sofrer com a inquisição foi Alberto. O fiscal olhou para a sua medicação e disse que o idoso só poderia levar 3 caixas, uma quantidade maior seria interpretada como venda.

– Senhor, eu uso medicamento todo o dia. Não pretendo vende-lo. Minha aposentadoria é pequena e esse medicamento aqui custa a metade.

Não adiantou. Alberto conseguiu levar somente três caixas. Parecia que o fiscal entendia mais de posologia que o próprio médico.

Enfim chegou a vez de Marcelo. Já estava suando frio com medo do que podia ocorrer. Rezou para que não fosse descoberto, mas não adiantou. O fiscal conseguiu encontrar o medicamento em sua mala e começou o interrogatório.

– Você sabe que esse produto não foi aprovado pela ANVISA? Eu vou ter que confisca-lo.

– Mas senhor, eu preciso desse medicamento para o meu pai, caso contrário, ele morrerá.

– Nós só pensamos no bem estar da população, esse medicamento foi proibido e você não vai leva-lo. É para sua segurança.

Marcelo sabia que este medicamento mais barato não era tão bom quanto o presente no país, mas era sua única alternativa. Tentou insistir mais um pouco, mas o oficial não cedeu. Voltou para casa e contou para o seu pai o que ocorrera.

– Tudo bem filho, você fez o melhor que pode – Disse seu pai em lágrimas.

20 dias depois Inácio faleceu.

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Guilherme Benezra é alumnus do Students For Liberty Brasil

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