O motor que move o mundo

Hiago Luiz | 13 de setembro, 2016 | Foto por Lukas

O que move o mundo? Qual foi o fator que tirou o homem da idade das cavernas para uma sociedade infinitamente mais humana? E qual fator continua a fazer do mundo um lugar melhor pra se viver?

Podemos encontrar na história uma variável principal que fez com que os seres humanos avançassem. Nomearemos esse fator de “motor da humanidade”. Mas o que é esse motor? Vamos formular algumas hipóteses para descobrirmos:

a) Seria esse motor alguma espécie de decreto? Alguma ordem vinda de algum ser superior? Ou de um burocrata?

Tal hipótese não se sustenta. Decretos pressupõe o uso da força para seu cumprimento, e não foi por ser ameaçada pela força de alguém que a sociedade avançou. Muito pelo contrário, o uso da força para tentar moldar a sociedade causou as maiores atrocidades que conhecemos: Nazismo, escravidão, campos de trabalhos forçado. Nenhuma dessas atrocidades surgiu de uma ordem natural, todas surgiram a partir da vontade de alguns homens de usar da força para transformar a sociedade, alterar seu percurso.

O entendimento deste fato, que o uso da força não pode fazer a sociedade avançar, nos leva à nossa próxima hipótese.

b) Seria o avanço humano fruto de uma ordem espontânea, Intrínseca à sua existência?

Vamos aprofundar essa hipótese. Dizer que o avanço humano é intrínseco à sua existência é dizer que o ser humano vem dotado de alguma(s) característica(s) que o torna fadado ao avanço.

Mas isso é verdade? Imaginemos a situação de um homem primitivo, dotado de todas as características humanas, mas que vive em completo isolamento. Este indivíduo é um exímio pescador, rápido e perspicaz, capaz de se alimentar a vida inteira somente de sua própria pesca. Em compensação, é um péssimo construtor, vive a mercê de predadores e sofre toda vez que chuvas assolam a região onde habita. Por essa sua limitação com a moradia, esse indivíduo não alcança muitos anos de vida. Sua vida se limitava a sobrevivência, algo muito distante do que aconteceria se conhecesse alguém capaz de produzir abrigo para o mesmo em troca de alguns peixes.

Apesar de descartada, essa opção é de vital importância pra entendermos a natureza do avanço humano. Podemos agora partir para uma terceira hipótese.

c) Seria o avanço humano, fruto das relações entre indivíduos racionais?

Como levantado na opção anterior, o ser humano possui a capacidade de se adaptar à natureza, de sobreviver a ela. Porém, o indivíduo, isoladamente, dificilmente sobreviverá por um período mínimo de tempo. Suas limitações acabam por minar o avanço, limitações essas que existem em todos os indivíduos, porém distribuídas de forma desigual.

O mesmo homem que é péssimo em preparo de armas é ótimo na construção de cabanas, assim como o que é ótimo em construção de cabanas pode ser péssimo no preparo de armas. Tal arranjo faz com que seja melhor para esses indivíduos que eles vivam em sociedade, cooperando mutuamente. A sobrevivência é a fagulha que desperta a necessidade, a cooperação é sua consequência. A cooperação sim, é o motor que move o mundo.

Mas o homem não coopera por ter uma natureza social, ou algo do tipo, existem homens com tal características, e outros não, a beleza da cooperação é que, mesmo o mais egoísta dos homens depende da cooperação pra sobreviver. A desigual distribuição das qualidades econômicas nos indivíduos, assim como a desigual distribuição dos recursos pelo planeta, faz com que a cooperação seja a melhor saída para sobrevivência, assim como a melhor forma de fazer o mundo andar, melhorar.

Assim sendo, podemos seguramente dizer: O motor que move o mundo é a cooperação. O ser humano pode até não ser essencialmente um ser social, mas isso pouco importa. O uso da razão, inata a qualquer ser humano, faz com que a cooperação seja o caminho inevitável.

Dessa forma, devemos evitar qualquer um, individualmente ou em grupo, que se coloque contra ou acima da cooperação. Qualquer um que alegue ter a capacidade de manejar a sociedade melhor do que os próprios indivíduos, ou está dotado de uma completa ingenuidade, ou das mais vis intenções. Se opor a isso não é só um direito mas um dever de todo indivíduo que deseja um mundo melhor, mais humano.

A força não pode nem deve nunca ser utilizada para estabelecer os rumos de uma sociedade, os homens que quiseram mudar o mundo com violência, e não ideias trouxeram guerras e miséria pelo mundo inteiro, lembremos sempre desses homens quando surgirem outros “iluminados”. O motor que move o mundo é a cooperação, a violência, sem querer ser clichê, não gera nada mais que mais violência.

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