Alice Salles | 23 de março de 2016
É impossível falar sobre a bandeira de Gadsden sem mencionar a história do Sons of Liberty.
Sons of Liberty é o termo pelo qual ficaram conhecidos todos os residentes da colônia que se opunham ao controle que a Coroa Britânica obtinha sobre a América. Os famosos protestos conhecido posteriormente como “Festa do Chá de Boston” por exemplo, tinham como muitos de seus participantes pessoas que diziam fazer parte do Sons of Liberty, que nunca chegou a existir como organização oficial.
Christopher Gadsden, o criador da bandeira tão conhecida entre os libertários, era um deles.
Quando a Lei do Selo foi imposta às colônias em 1765, e a ideia de anexar impostos a grande parte de qualquer material impresso foi proposta, muitos americanos se revoltaram, já que esse tipo de taxa seria imposta aos residentes para financiar a presença de forças armadas da Coroa Britânica em suas terras.
Durante um dos maiores protestos organizados contra a Lei do Selo, também em 1765 – conhecido como Primeiro Congresso das Colônias Americanas – Gadsden participou efetivamente do evento e foi escolhido como um de seus principais representantes.
O debate que a Lei do Selo gerou colocou o foco da discussão no que viria a ser uma das frases mais repetidas da Revolução da Independência dos Estados Unidos: “No Taxation Without Representation!”. Na época, colonos discutiam se a Coroa tinha ou não o direito de cobrar impostos de americanos, visto que eles não tinham qualquer representação oficial no parlamento.
Christopher Gadsden nasceu nos Estados Unidos em 1724, mais precisamente em Charleston, na Carolina do Sul.
Filho de um soldado da Coroa, Gadsden estudou na Inglaterra até 1740 quando retornou a sua terra natal. Durante seus primeiros anos de volta aos Estados Unidos, ele serviu como aprendiz em um escritório contábil na Pensilvânia. Em menos de um ano, Gadsden serviria durante a Guerra do Rei George como comissário de bordo num navio Britânico.
Depois de suas aventuras comerciais entre a Europa e a América, Gadsden voltou para a Carolina do Sul, onde ele compraria as terras que seus pais haviam vendido para pagar dívidas antigas.
Depois do Primeiro Congresso das Colônias Americanas, ele retornou à Carolina do Sul, onde criaria a milícia Sons of Liberty de Charleston. Em 1776, ele foi condecorado brigadeiro general e encabeçou as forças da milícia local. Enquanto os britânicos se preparavam para atacar Charleston, Gadsden construiu uma ponte para facilitar a fuga dos membros de sua milícia caso o contra-ataque não fosse bem-sucedido, o que não foi preciso: os britânicos foram expulsos da região.
Como membro da convenção da Carolina do Sul, Gadsden estava presente durante a criação da constituição do estado até que, em 1780, como então vice-governador, acabaria preso pela Coroa Britânica.
Prisioneiro de guerra, Gadsden foi enviado a St. Agostinho, na Florida, junto com mais 20 oficiais. Ao ser oferecida a possibilidade de liberar sua cidade do controle britânico caso ele desse sua palavra de honra que não lutaria novamente, Gadsden se recusou, alegando que não poderia jurar defender um sistema em que ele não acreditava.
Gadsden foi largado em confinamento solitário por 42 semanas pela sua desobediência.
Em 1781, ele e outros oficiais libertos foram mandados de volta para a Filadélfia, onde ouviria que as forças armadas da colônia sulista haviam derrotado o exército Britânico no condado dos Cherokees, na Carolina do Sul. Foi então que Gadsden correu para casa para restaurar o governo civil da colônia da Carolina do Sul. A liberdade estava a caminho.
Durante a revolução Americana, enquanto lutava como general da milícia local, antes de ser preso, Gadsden esboçou o que viria a ser a bandeira com a cascavel e a frase “não pise em mim”.
A cascavel é uma serpente bastante comum na região das 13 colônias originais.
Benjamim Franklin gostava de usar a serpente em seus comentários sarcásticos como quando sugeriu que – já que as Américas tinham tantas dessas cobras e a Coroa mandava tantos de seus assassinos e ladrões para as colônias – mandassem tais cobras nos navios de volta para a Grã-Bretanha.
Durante a Guerra Franco-Indígena, Franklin criou a famosa imagem da cobra dividida em oito partes, sugerindo às colônias que se unissem ou morressem.
A cascavel, enquanto símbolo da América, denota um princípio sagrado para quem segue a filosofia de “liberty” – um termo difícil de se traduzir apenas como liberdade. A cascavel nunca ataca sem antes avisar que está presente e que foi provocada. “Não pise em mim” portanto, se refere ao comportamento que mais parece dizer “não vou atacar, mas saiba que se for provocada por você, eu saberei escolher bem meu alvo.”
Em 1775, antes do primeiro navio sair de seu porto para interceptar navios britânicos carregando suplementos de guerra para as tropas da Coroa, Gadsden ofereceu sua criação para o então Comodoro Esek Hopkins, que a hasteou em seu mastro principal. Naquele momento, sua criação passaria a servir como símbolo da luta contra a tirania imposta pelos ingleses.
Desde então, a bandeira de Gadsden se transformou na bandeira da Revolução Americana e mais tarde viria a ser o símbolo dos fuzileiros navais.
Hoje, ela é reconhecida como a bandeira que melhor simboliza a filosofia libertária.
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Alice Salles colaborou com o Students For Liberty Brasil (SFLB).
Este artigo não necessariamente representa a opinião do SFLB. O SFLB tem o compromisso de ampliar as discussões sobre a liberdade, representando uma miríade de opiniões. Se você é um estudante interessado em apresentar sua perspectiva neste blog, envie um email para [email protected] e [email protected]