Fabio Barbieri | 4 de dezembro de 2014
“A defesa da liberdade individual repousa, em última análise, no reconhecimento das limitações do nosso conhecimento.” (Hayek, The Constitution of Liberty)
Hayek, ao lado de Ludwig von Mises, foi figura central da escola austríaca de economia no século vinte. Sua vasta obra contém contribuições originais em campos diversos como teoria monetária, ciclos econômicos, capital, competição, evolução institucional, história das ideias, filosofia, política e psicologia teórica.
Nascido em uma família de cientistas, F. A. Hayek (1899-1992) doutorou-se na Universidade de Viena depois de servir na artilharia do exército austro-húngaro na Primeira Guerra Mundial.
Depois de trabalhar com Mises, Hayek foi diretor de um instituto para o estudo dos ciclos econômicos. Apresentou na London School of Economics seu desenvolvimento da teoria austríaca dos ciclos econômicos, vindo a lecionar nessa instituição até a década de quarenta, período no qual refina sua teoria de ciclos, desenvolve a teoria do capital, lidera o debate do cálculo econômico socialista e concebe sua crítica ao conceito de equilíbrio, que marca o desenvolvimento da teoria austríaca de processo de mercado.
Na década de cinquenta trabalha na Universidade de Chicago, onde seus escritos se tornaram mais interdisciplinares, investigando as bases filosóficas e institucionais de seu liberalismo e de sua crítica ao coletivismo. Em 1947 liderou a fundação e foi o primeiro presidente da Mont Pelerin Society, organização de intelectuais comprometidos com a causa da liberdade individual. Na década seguinte continua esse trabalho na Universidade de Freiburg, na Alemanha e Salzburg, Austria. Hayek Recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 1974. Até idade avançada, continuou a produzir livros importantes. Faleceu em Frieburg em 1992.
Hayek foi um dos poucos economistas a oferecer um sistema explanatório amplo dos fenômenos sociais, que integra de forma coerente diversas disciplinas. Se um liberalismo sem conhecimento de economia tende a ser vazio, Hayek acredita que um economista que se atém apenas ao seu campo seria um péssimo economista.
Suas contribuições são unificadas por um tema central, o problema da coordenação das ações dos agentes: se o progresso requer progressiva especialização e portanto maior complexidade para compatibilizar todos os planos individuais, como poderíamos contornar o fato de que o conhecimento dos agentes é disperso, limitado e falível? Para responder a esse problema, Hayek nos oferece um liberalismo calcado no falibilismo: a única maneira de contornar as limitações do conhecimento é por meio de mecanismos descentralizados de aprendizado, que requerem a) liberdade para experimentação e b) um mecanismo de correção de erros.
Nesse referencial se encaixa tanto o problema da emergência da ordem espontânea dos processos mentais, dos mercados, da evolução das instituições que promovem ou bloqueiam a formação dessa última ordem e das causas da descoordenação, como os ciclos econômicos.
Hayek importa porque nos oferece um liberalismo falibilista.
Embora O Caminho da Servidão seja sua obra mais conhecida, os ensaios contidos em Individualism and Economic Order contêm alguns de seus ensaios mais fundamentais, como “Individualism: verdaeiro e falso”, “Economics and Knowledge”, “O uso do conhecimento na sociedade” e “The Meaning of Competitition”.
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Pequenos Guias para Grandes Ideias é a mais nova série educacional do SFLB. Cada post é uma introdução a um importante pensador libertário, escrito para dar aos alunos com mentes abertas, um ponto de partida. Estes guias são entendidas como amostras, não resumos, das grandes mentes que contribuíram para as ideias de liberdade. Convidamos o professor de economia da FEA-USP de Ribeirão Preto Fabio Barbieri para escrever esse pequeno guia.
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