Ivanildo Santos Terceiro | 26 de dezembro, 2013
Há alguns meses deparei=me com um artigo em que uma médica sanitarista indiana descrevia sua perplexidade ao estudar as favelas baianas. Na capital, Salvador, a estudiosa encontrou casas recheadas de smartphones, televisões de LCD, antenas parabólicas,  mas foi incapaz de encontrar um elemento básico: saneamento. Para ela, os moradores da região pareciam viver em uma fenda do espaço-tempo que os mantinha em contato com os séculos XIX e XXI.
Infelizmente, sua solução para o problema não manteve o mesmo nÃvel da metáfora encantadora do parágrafo acima. Como é usual dentro da academia, a sanitarista ardorosamente defendeu a ampliação da esfera de influência do ente mais ineficiente da relação: o estado.
Apesar de inteligente e bem estudada, a pesquisadora foi incapaz de enxergar além do que estava diante dos seus olhos. Produtos eletrônicos estão disponÃveis a qualquer um porque são produzidos a partir de uma lógica completamente diferente da dos produtos estatais.
Empreendedores querem lucrar. Pecado para alguns, esta força motriz é poderosa o suficiente para se tornar um bem para todos. Em um sistema no qual direitos de propriedade são respeitados, i.e., você não pode roubar o trabalho alheio, o único meio de auferir lucro é convencendo alguém a entregar o seu dinheiro. Por esta razão, empreendedores se veem obrigados a fazerem televisões pequenas, grandes, com internet, sem internet, e toda uma mirÃade de opções disponÃvel no mercado.
Mais do que isso, essa lógica, a lógica de mercado, torna toda a ideia de diminuir preços atraente. De fato, ao se aumentar a produtividade, fazer mais produtos, com menos recursos, além de salvar a natureza, o empreendedor pode aumentar seus lucros, seja vendendo mais unidades, ou tendo uma margem maior em cada item vendido.
Do outro lado, o estado e seus polÃticos odeiam o lucro. E isso parece estar sendo terrÃvel para os que dependem da máquina estatal. Enquanto até pessoas em situação de rua podem ter uma televisão em seus celulares, saneamento básico permanece um artigo de luxo até mesmo entre aqueles que são ricos.
Saneamento básico, infelizmente, é produzido através da lógica estatal. Se na lógica de mercado o lucro vem depois do convencimento do cliente, com o estado, é o contrário. Primeiro, você paga impostos, depois, talvez, os serviços cheguem até você. Este sistema, por sua vez, gera um péssimo incentivo para os agentes estatais. Como seus salários não estão atrelados a um bom desempenho, afinal, você não pode se negar a pagar impostos, eles não passam pela pressão que um empreendedor enfrenta para lucrar. O resultado não poderia ser outro, serviços estatais são morosos, lentos, e caros em todo o mundo.
Este é o motivo para computadores passarem de equipamentos capazes de ocupar andares inteiros em prédios comerciais a simplesmente objetos portáteis. Mais do que a justa compensação por gerar valor aos seus semelhantes, o lucro é o sinal positivo que damos aos empreendedores para eles continuarem fazendo o que quer que seja que eles estejam fazendo de bom.
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Ivanildo Santos Terceiro é Coordenador de Comunicações do Students For Liberty Brasil.Â
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